sábado, 24 de setembro de 2011

“O Retrógado Tecnológico”

Acho muito interessante o enorme sucesso atual dos aplicativos que emulam fotografias antigas, como o “Instagram” ou o “Retro Camera”.
Sem nos referirmos a questões de linguagem, poética, discurso, beleza, podemos dizer que a fotografia digital surgiu com “baixa qualidade” comparada ao padrão mais utilizado na época: o do filme fotográfico. O digital evoluiu, e hoje tem-se “excelente qualidade” (definição, resolução, sensibilidade à luz, etc.) por um preço bastante acessível.
É quando entram os tais aplicativos simulando a estética de antigamente, na maioria das vezes decorrente de problemas que cada câmera ou período possuíam: objetivas que resultavam em imagens pouco nítidas, negativos com a emulsão riscada, cores imprevisíveis na ampliação, entrada de luz na câmera, e outros.
Penso então em uma frase que diz que é fácil não se ter apego ao dinheiro quando se tem muito dinheiro (ou algo parecido). Tendo, pode-se dar ao luxo de não precisar ter!
Ou seja, quando todas essas características mencionadas ocorriam por limitações da época (por não se ter o conhecimento ou por custos proibitivos), eram defeitos.
Hoje, como podemos gerar imagens de altíssima qualidade técnica se assim o quisermos, podemos também nos dar ao luxo de gerar imagens de baixa qualidade por puro saudosismo, aos que vivenciaram isso, ou modismo, aos da nova geração.
Utilizamos não por limitações, mas por escolha própria. É possível que, passada a novidade, de tão usada torne-se tão comum a ponto de deixar de ser vista como a “técnica pela técnica”, “utilizar para dizer que utilizou”, passando a ser mais uma ferramenta de expressão, entre tantas. Decide-se criar uma imagem riscada e com as bordas veladas ao invés de uma imagem nítida e “corretamente” exposta numa fotografia da mesma maneira que se escolhe uma tinta azul ao invés de amarela numa pintura, ou opta-se por uma LOMO ao invés de uma 5D como se opta por grafite ao invés do pastel num desenho.



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